domingo, 23 de maio de 2010

Probabilidade

Alguém um dia tentou entender por que as pessoas mentem... Não pensou sobre isso por algumas horas ou dias... dedicou grande parte de sua vida a isso. Um dia, vencido pelo cansaço, mentiu para si mesmo dizendo que já não era importante... e então compreendeu.

sábado, 15 de maio de 2010

Implosao

As pessoas que passavam apressadas pela rua olhavam-lhe apenas de relance, mas podia perceber suas expressões. Com certeza não era tão normal ver uma pessoa parada naquele lugar ou em qualquer outro, ainda mais no movimento acelerado do fim da tarde. Mas por trás do silencio quase fúnebre, as coisas corriam mais rápido do que Alice podia acompanhar.
Tentou encontrar uma resposta sobre o que havia acontecido, algo a mais do que teorias improvisadas, mas nada fazia sentido. Talvez tivesse perdido em algum lugar as ultimas forças que guardava para suportar tudo aquilo. Agora tinha uma boa porção de sentimentos ferozes e talvez sedentos de vingança pelo tempo confinados.
Imaginava seus transtornos como vários cães negros correndo mais rápido do que poderia enxergar, arrancando de passagem, pedaços grandes de seu corpo, ou talvez de sua alma, o que dói mais afinal? Sabia que tentar fugir seria inútil, mas ainda não fazia ideia de como lutar contra isso ou do que aconteceria no final. Por um momento desejou apenas braços que lhe envolvessem e dissessem que está tudo bem, mesmo não estando.
Percebeu então que estava só, mas de maneira nenhuma queria isso.

Explosão

Fechou os olhos com força e abriu-os mais uma vez, nada. Tentou chamar baixinho para que talvez ouvissem, nada. Tentou se concentrar, acreditar com todas as forças que ainda tinha mas nada se movia nem um milimetro, apenas coisas sem vida.

Olhava para as manchas brancas no teto, algumas cuidadosamente pintadas, com formas bem definidas, outras apenas respingos como havia no quarto todo devido a seu momento de raiva. Seus braços doíam, já não tinha forças para levantar-se e pouco via do estrago que havia feito. Sua respiração ainda era rápida e as lagrimas começavam a molhar o rosto já úmido de suor e tinta.

Passou a considerar que talvez não fosse possível reproduzir todas as coisas, por mais vontade que se use, só consegue-se coisas mortas e paradas. Nada seria como era antes, teria que lidar com o presente, fazer tudo o que não queria.

Seus olhos se fechavam de cansaço mas esforçava-se para mante-los abertos, não queria sonhar de novo, também não queria ficar acordada, não sabia bem o que queria... apenas no fundo, tinha uma pequena esperança de que tal coisa existisse.

O sono veio mais forte, as forças se foram, os olhos se fecharam. Então veio a noite, a manhã, e com o sol em seus olhos, percebeu que havia tomado uma decisão.