quarta-feira, 30 de julho de 2008

Marionetes

Marionetes

Um dia parei e perguntei-me: Alguém é de verdade?
Então notei as cordas, tão invisíveis, porém, impossíveis de não sentir
Então percebi porque é tudo sempre tão automático, mesmo que eu não queira
As cordas estão lá, um simples deslize e você ganha mais uma
Lançam-se, prendem-se, tão finas, tão fortes
Não esperam, levam-te, já estão te controlando
Mesmo que eu queira, não poderei fazê-lo
Mesmo que não queira, isto farei
Logo, você odeia as cordas, como tira-las dali?
Alguém vem e as tira, quase inútil,
A cada deslize, elas voltam, pouco a pouco, até obterem o domínio
Se ao menos a memória pudesse ser apagada – mas nosso teclado não tem “delete”
Se ao menos fossemos tão perfeitos, a ponto de evitar as cordas
Talvez se possa evita-las, precisa-se de um motivo, um objetivo sincero
No entanto, aqui estamos, massa inocente, cruelmente manipulada
Agimos, mesmo contra a vontade; vivemos, não tão sinceramente, e até sonhamos...
Em nossa rotina cotidiana, em nossa normal falta de esperança,
Em nosso incerto planeta, admirável mundo das marionetes.

domingo, 27 de julho de 2008

Comentários

Comentários

Comentários

A vergonha e desespero

em maquiar as partes feias;

Cobrir a suposta sujeira;

Para que ninguém repare;

Para que ninguém comente;


( Não se expresse, não se mostre

Sorria, acene, siga os conformes )

Vamos, se esforce, tente parecer

um pouco mais inocente, deveras ignorante;

Não diga o que sente, só o que querem ouvir;

Ou alguém pode comentar


Ou quem sabe, pouco me importo;

Comente, diga, faça-se ouvir

Pois não é seu o repertório de adjetivos?

Quanto a seu jogo, seu tempo proposto;

Oh, mil perdões, não deve ser possível;

Já não possuo a máscara apropriada;

Deve estar perdida, ou à muito esquecida

no vasto fundo de algum armário


Rosto em Branco

Indaguei quem sou
Descobri quem sou
Desprezei quem sou
Por tudo, me abandonei

Diferente e indiferente
Tanto quis ser
A tantos quis ser
Tantos que deixei de ser
Quem talvez tenha sido

O rosto em branco
Mascaras em punho
Em meio a tantas faces
Procurei a minha própria
Deixada por tantas
E perdida em meio a tantas
Que já não a encontro

sábado, 19 de julho de 2008

Filosofia Interrompida

Mais uma vez

O ato precipitado

Encontra-se o vazio

Igual em todos os lados


Tão normal virar as costas...

O fim da fila sempre à espera

Longa fila

Observam-me seus rostos

Tão ansiosos, enternecidos

Entusiamados ou entediados?


Despontam de seus lugares

Às mais variadas alturas

Não tão variadas feições

Mas os portes... cores... tantos... e até um frango.


Um frango?

Ei! O frango não!

Tira o frango daí!

Ora, onde já se viu...

Um frango!