sábado, 30 de outubro de 2010

97

Hoje olhei para trás.
Não da forma criminosa como quem quer voltar a um ponto onde sentia-se confortavel, de certa forma já me conformei com isso.
Olhei como quem está entediado com o longo caminho à frente e quer saber o quanto já andou.
E foram tantas coisas... sim a principio parecia imenso e inútil mas não posso negar que mudei.
Sei que olhando pra você eu enxerguei algo que já conhecia, uma mesma historia que vivemos completamente alheios um do outro.
E sei que não vou esquecer, sempre guardo tudo.
Não rasgo folhas, só viro as páginas.

domingo, 24 de outubro de 2010

Se as vezes não conseguimos distinguir, não quer dizer que não sabemos...

E talvez a alma seja como um copo cristalino
que só de olhar nos olhos não podemos saber
se está vazio ou cheio, ou mesmo existe.

E talvez a solidão seja relativa
algo como não estar com quem desejamos
mas talvez nunca estejamos realmente sozinhos
basta olhar para as pessoas certas.


sábado, 9 de outubro de 2010

As coisas..

Quer saber?
Acho que realmente as coisas não são desse modo.
Não me pergunte, não sei como são...
mas não são assim.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Prólogo

Ontem terminei de ler aquele livro.
As lágrimas vieram no final, algo raro
uma historia como poucas.

É devo admitir que foi uma boa escolha...
ao contrario das minhas.
E que talvez o silencio oportuno também o seja.

domingo, 5 de setembro de 2010

Sem Título

Hoje fui ao zoológico, os piores animais estavam soltos.

sábado, 31 de julho de 2010

2º Delírio

Sacolejando. As letras parecem pingos de chuva e se houvesse nuvens cinzas seriam de fato mas o céu é alaranjado escuro e parece mesmo que passaram vinte minutos a mais do que o tempo percebeu e a lua amarelada em si parecia uma foto antiga.
Seus olhos lembram-me amêndoas, são grandes, belos, não consigo encara-los por muito tempo mas logo volto a eles como se fossem magnéticos. Não digo nada, nem vou dizer, nunca digo. As letras são apenas rabiscos que não vou entender depois e, de fato, a noite é um dia estranho.

1º Delírio

Vento. Estranhamente convidativo não fosse pelo som abafado e alto sem razão alguma. Talvez pelo clima umidade exata temperatura inconstante a despertar a voz de delírio de que as arvores movem-se e passa das dez.

sábado, 3 de julho de 2010

tiquetaques isolados no silencio

sim.. sempre me desespero, e me espero..

domingo, 23 de maio de 2010

Probabilidade

Alguém um dia tentou entender por que as pessoas mentem... Não pensou sobre isso por algumas horas ou dias... dedicou grande parte de sua vida a isso. Um dia, vencido pelo cansaço, mentiu para si mesmo dizendo que já não era importante... e então compreendeu.

sábado, 15 de maio de 2010

Implosao

As pessoas que passavam apressadas pela rua olhavam-lhe apenas de relance, mas podia perceber suas expressões. Com certeza não era tão normal ver uma pessoa parada naquele lugar ou em qualquer outro, ainda mais no movimento acelerado do fim da tarde. Mas por trás do silencio quase fúnebre, as coisas corriam mais rápido do que Alice podia acompanhar.
Tentou encontrar uma resposta sobre o que havia acontecido, algo a mais do que teorias improvisadas, mas nada fazia sentido. Talvez tivesse perdido em algum lugar as ultimas forças que guardava para suportar tudo aquilo. Agora tinha uma boa porção de sentimentos ferozes e talvez sedentos de vingança pelo tempo confinados.
Imaginava seus transtornos como vários cães negros correndo mais rápido do que poderia enxergar, arrancando de passagem, pedaços grandes de seu corpo, ou talvez de sua alma, o que dói mais afinal? Sabia que tentar fugir seria inútil, mas ainda não fazia ideia de como lutar contra isso ou do que aconteceria no final. Por um momento desejou apenas braços que lhe envolvessem e dissessem que está tudo bem, mesmo não estando.
Percebeu então que estava só, mas de maneira nenhuma queria isso.

Explosão

Fechou os olhos com força e abriu-os mais uma vez, nada. Tentou chamar baixinho para que talvez ouvissem, nada. Tentou se concentrar, acreditar com todas as forças que ainda tinha mas nada se movia nem um milimetro, apenas coisas sem vida.

Olhava para as manchas brancas no teto, algumas cuidadosamente pintadas, com formas bem definidas, outras apenas respingos como havia no quarto todo devido a seu momento de raiva. Seus braços doíam, já não tinha forças para levantar-se e pouco via do estrago que havia feito. Sua respiração ainda era rápida e as lagrimas começavam a molhar o rosto já úmido de suor e tinta.

Passou a considerar que talvez não fosse possível reproduzir todas as coisas, por mais vontade que se use, só consegue-se coisas mortas e paradas. Nada seria como era antes, teria que lidar com o presente, fazer tudo o que não queria.

Seus olhos se fechavam de cansaço mas esforçava-se para mante-los abertos, não queria sonhar de novo, também não queria ficar acordada, não sabia bem o que queria... apenas no fundo, tinha uma pequena esperança de que tal coisa existisse.

O sono veio mais forte, as forças se foram, os olhos se fecharam. Então veio a noite, a manhã, e com o sol em seus olhos, percebeu que havia tomado uma decisão.

sábado, 24 de abril de 2010

Vidente

Entrou devagar, as pernas ligeiramente tremulas, as mãos suando. Não se imaginava fazendo algo do tipo mas ali estava. Dirigiu-se ao homem sentado no chão que fitava-o com um olhar instável, algo entre a sabedoria e a loucura. Suas roupas eram normais, nada que caracterizasse sua profissão.
- Você é o vidente?
- O que você quer?
- Quero que leia minha mão.
O homem segurou-lhe a mão e virou-a para cima em um gesto impaciente, quase brusco. Analisou -a por alguns segundos e suspirou olhando-o nos olhos.
- Não há nada escrito na sua mão.
- Nada?Como assim?
- Você escreveu alguma coisa não sua mão?
- N.. não mas..
- Pediu pra alguém escrever na sua mão?
- Não.
- Então porque você vem aqui e pede pra eu ler sua mão se não há nada escrito?
- Bom.. você deveria ver o futuro...
- Futuro? O que você acha que é o futuro?
Ele fitou o chão por algum tempo, o rosto ficando vermelho, não apenas pelo nervosismo mas por não saber realmente uma resposta para aquela pergunta. O homem sorriu levemente mas seu olhar continuou duro, aquele ar meio insano mas que inspirava a existência de algum saber considerável.
- Meu filho.. ninguém pode enxergar seu futuro além de você mesmo. Ele não é um livro que todos podem ler, é um caderno em branco. Suas decisões tem sido difíceis mas não tomá-las vai te render apenas o mesmo caderno em branco, se você quer realmente saber seu futuro, livre-se desse medo inútil e escreva-o.
- Mas como me livro do medo?
- Desculpe, seu tempo acabou, precisa ir agora.
- Não.. espere, eu pago quanto você quiser, apenas me responda isso.
- Meu filho, eu não cobro por esse trabalho. Tenha um bom dia.
O homem virou-se e entrou pelas cortinas. Ainda com as pernas tremendo, ele saiu devagar da sala. Na porta, encontrou outro sujeito, mais baixo e, ao contrario do primeiro, usando roupas que mais pareciam uma fantasia.
- Me desculpe rapaz, tive uns contratempos, você esperou muito?
- Não, já estou de saída. O outro vidente me atendeu.
O pequeno homem olhou-o demoradamente como quem observa um caso sem solução, enfim suspirou e abriu a boca, a voz saia-lhe secamente.
- Eu sou o único vidente daqui.
Entrou fechando a porta atrás de si.

sábado, 17 de abril de 2010

saber

Sempre em algum momento nos interessamos em saber, é algo repentino e infalivel, logo estamos atrás de perguntas e de respostas. Quanto mais sabemos, mais queremos saber, até o ponto em que percebemos que nunca poderemos saber tudo... é uma palavra muito maior do que podemos compreender. Mesmo assim a corrida continua, é como um vicio, um ciclo. Muito de nossas vidas se resume a correr atrás de perguntas e respostas, mesmo de forma inconsciente, e em vários momentos percebemos que na verdade queríamos nunca saber, e ter de novo a inocência de um recém nascido.