sábado, 28 de junho de 2008

O museu

Olhar vago, alvo vulnerável.

Sentimentos próprios e alheios,

Antes inofensivos, agora avançam em fúria;

Coliseu lotado, os abutres à espreita;

Seguem pensamentos, perfuram, rasgam;

Ferem por dentro, cortam e esmagam.


A mão trêmula, a luz de neon;

A angustia, a espera, o tempo que se esgota;

Os dedos trabalham, por dentro ainda ferido;

Voltam as forças, agrava-se a peleja;

O ponto final;

O olhar altivo;

Vitorioso enfim.


Os agressores jazem em sua jaula de papel impresso;

Seguem rumo ao grande museu;

Todos vêem, analisam, comentam;

Exemplares de qualquer espécie;

Tão iguais... Tão diferentes...

Tão inocentes... talvez.

O Amor e o Tédio


O olhar penetrante;

O abraço incontido;

Poucas palavras, assuntos normais;

Por dentro tudo tão diferente;

Mostra a personagem, uma de cada vez;

De relance, o que há por dentro;

Não posso enxergar mais fundo;

Algo incomoda dentro, a pulsação sobe;

Sem reação, a personagem salva;

O olhar torna vulnerável, quase um escravo;

Quem é você?

O que fez comigo?

Não quero de volta as noites de sono;

Só deixe-me dormir outra vez.;

O sorriso enfeitiça, faz-me menção ao tempo;

Não vá, não agora;

As palavras não saem;

A personagem fala, trivialmente, não como queria;

O tempo aperta, devora os momentos restantes;

Afasta-se, assim como apareceu;

Sentidos confusos, onde esta o chão?

Meio alegre, quase um bobo;

Meio triste, quase luto;

O tempo congela, quase retrocede;

O que está em volta parece sem sentido...

Onde eu estou?

Onde você está?

Olheiras profundas;

Pensamentos correm por todos os lados

Incontrolável, inativo;

Os pés voltam a sentir o chão;

Volta a rotina;

Fica a lembrança;

Um vulto;

Um relance;

O silencio;

O que seria?

Pensei ter visto você.