quinta-feira, 14 de julho de 2022

Bernardo, o tigre, as hienas e o cão

Era uma vez um jovem garoto chamado Bernardo. Um garoto normal, de boa aparência, tinha amigos e se dedicava apenas o necessário aos estudos. Seus pais o tratavam com muitas regalias e acreditavam que o filho tinha um futuro brilhante pela frente. Bernardo não pensava no futuro, focava apenas em se divertir com seus amigos mas ainda assim não fugia de suas responsabilidades nem desobedecia seus pais.

Um dia, após se despedir de seus pais, Bernardo foi caminhando até a escola como sempre fazia, mas no meio do caminho o garoto deparou-se com um grande tigre caminhando tranquilamente na calçada. Muito surpreso, ele exclamou:

- Nossa! Por que há um tigre andando na rua?

O tigre, com seus ouvidos aguçados, ouviu seu comentário e lançou lhe um olhar indignado:

- O quê agora? Só porque sou um tigre não posso andar pela rua? Você está sendo preconceituoso!

O garoto ficou ainda mais surpreso ao ouvir o tigre falar, mas já estando acostumado com o mundo que mudava rapidamente e percebendo a visível irritação do tigre, deixou esses pensamentos de lado e tratou de desculpar-se.

- Sinto muito! Não queria te ofender, só fiquei um pouco surpreso.

O tigre percebeu que realmente não havia maldade no garoto e decidiu aceitar suas desculpas. Mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, um grupo de hienas que passava por perto e ouviu parte da conversa chegou fazendo uma algazarra:

- Vejam! Aquele garoto foi preconceituoso, vamos espancá-lo!

O tigre ficou atônito por alguns segundos com a escalada da situação mas logo tratou de tentar conter as hienas com seus rugidos. Infelizmente muitas das hienas já estavam completamente fora de si e quando a confusão finalmente foi controlada, Bernardo já não passava de um corpo sem vida estirado na calçada.

Um cão policial foi chamado e levou todos à delegacia. Após ouvir todos os relatos, o delegado deu voz de prisão a todas as hienas envolvidas. Muitas hienas ficaram revoltadas:

- Mas delegado, por que o senhor está nos prendendo? Nós só espancamos um garoto mau!

E o delegado respondeu:

- Sim.

O tigre saiu da delegacia sentindo-se triste e culpado pela morte do garoto. No dia seguinte ele decidiu comparecer ao enterro de Bernardo e lá encontrou seus pais. Ao ver os dois aos prantos, o tigre resolveu aproximar-se e desculpar-se.

Os pais de Bernardo estavam muito tristes pela perda do filho, mas não achavam que o tigre tinha alguma culpa na situação, afinal, tudo originou-se de um mau entendido. Mas antes que qualquer um dos dois pudesse falar alguma coisa, um grupo de hienas que passava por perto ouviu parte da história e chegou fazendo algazarra:

- Olhem! Aquele tigre causou a morte de um garoto, vamos espancá-lo!

Os pais de Bernardo não tinham como intervir na briga dos animais e tentaram acalmá-los de longe enquanto chamavam a policia. Novamente a confusão demorou a acabar e quando os ânimos esfriaram, o tigre e três das hienas já estavam sem vida.

O mesmo cão policial atendeu à ocorrência e levou todos à delegacia. Depois de ouvir os relatos, o delegado tratou de prender todas as hienas restantes, que reclamaram indignadas:

- Mas por que? Nós só espancamos um tigre mau!

E o delegado respondeu:

- Sim.

O cão policial saiu pensativo após lidar com duas tragédias em um período tão curto. Enquanto fazia uma de suas rondas, ainda abalado, ele avistou um grupo de hienas caminhando tranquilamente pela calçada. Sem pensar muito, o cão foi até as hienas, deu-lhes uma bela surra e levou-as à delegacia. O delegado suspirou ao ver mais um grupo de hienas entrando pela porta, mas respirou fundo e passou a ouvir os relatos do caso. Depois de liberar as hienas, o delegado demitiu e prendeu o cão policial, que ficou indignado e perguntou-lhe:

- Mas por que? Eu só prendi algumas hienas más!

O delegado deu um longo e profundo suspiro, olhou o cão com um olhar de pena e respondeu:

- Sim.

sábado, 6 de dezembro de 2014

21:12

O mercado de distrações é o mais rentável do mundo.
 Todos estamos fugindo afinal... de nós, de outros, de qualquer coisa.
Tudo que é duro demais para encarar é imediatamente posto de lado
Enquanto embarcamos em qualquer historia inventada ou alheia
Mas nada é infinito, entre uma distração e outra a realidade cobra seu preço

 Não mostrar fraqueza não é como ser forte

Sentimento é igual para todos,
 Delicado, frágil, instável
possui partes pequenas
que podem ser engolidas.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Leite e pão

"E se eu gostar de alguém?" "Se aquiete menino! Tu não serve pra isso, coisa assim só faz ardido e vai embora. Toma, vá lá comprar leite e pão."

sexta-feira, 30 de março de 2012

Passarinho

Éra uma vez um pequeno passarinho que morava no alto de uma torre fria e escura,
Todos os dias ele sonhava em conhecer o mundo, ver e ouvir de tudo em todos os lugares
Mas as sempre que saía, mal conseguia voar alguns metros e era atacado e ferido, então voltava sangrando
Mesmo assim a luz do mundo exterior lhe seduzia de tal forma que ignorava seus ferimentos e lançava-se para fora dia após dia
Então o passarinho morreu.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Agulha que cai no piso da sala ao lado

Confiança é uma palavra forte... e ao mesmo tempo frágil.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Já faz algum tempo que não procuro saber das novidades, pessoas, seus detalhes e notícias tristes. Não que de repente deixe de me importar com as pessoas em si mas me tornei tão desinteressado que o isolamento parece mais convidativo.

domingo, 12 de junho de 2011

Quando não é domingo

O garoto passava seus dias a procura de pessoas diferentes
quando encontrava, nada dizia, as vezes esboçava um sorriso
mas observava-lhe enquanto possivel
como se lesse algo de vida em seus olhos
já não sentia-se sozinho no mundo.

domingo, 8 de maio de 2011

I Concurso de Poesias Autores S/A


Participe! Inscrições de 05 de maio a 05 de junho. Clique sobre a imagem para ver o regulamento.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Estrada sem chão (zero)

Abriu os olhos e não havia nada que quisesse realmente fazer. Olhou em volta checando os estragos da tarde anterior e ficou a imaginar até que ponto poderia chegar tudo isso, ainda procurava por algo mas parecia cada vez mais longe de descobrir o que era.

Os musculos ainda estavam doloridos, a tinta seca grudava sua pele de modo incômodo, tentou levantar-se devagar. O espelho anda refletia a mesma Alice de sempre, porém num estado um tanto pior, o rosto exibia uma mistura seca de suor, lágrimas e tinta. ela abaixou a cabeça desviando o olhar da garota do espelho e arrastou-se até o chuveiro.

Enquanto a agua do chuveiro dissolvia a tinta branca ela tentava encontrar algum sentido em qualquer coisa. Todas as lembranças não passavam de uma névoa distante e ela achava melhor assim, mas ainda tinha essa falta de tudo como se a estrada simplesmente desaparecesse em todas as direções. Normalmente usava a imaginação para inventar seus dias, era o recurso que lhe sobrava mas agora parecia não funcionar... Relutou um pouco mas cedeu à fazer planos, tentando analisar as coisas logicamente.

Precisava encontrar Nicolle que já não aparecia à quase dois dias, e precisava de uma vontade, qualquer coisa que lhe obrigasse a querer e assim passar o tempo. Não fazia ideia de como ter ou comprar uma coisa dessas mas teria de descobrir.

Ao girar a chave na fechadura tinha um plano definido mas isso não mudava em nada aquela sensação. Um pequeno sussurro se repetia em sua mente no ritmo em que respirava.

"Pra onde vamos agora?"

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Hiatus

Prometeu-se mais uma vez de que seria a última,
cruzando os dedos descaradamente por trás das costas
pois não importa o que mudasse, nada seria diferente

Um copo de água para digerir o tédio
e o que restou do amor secando no fundo do prato
o que ninguém quis e no fim das contas sobra

assim como os vegetais...
mas vegetais não amam, nem têm esperança
talvez por isso nem mesmo respirem

Há dias em que as palavras nos faltam
e nada do que fazemos é por vontade.