quarta-feira, 30 de julho de 2008

Marionetes

Marionetes

Um dia parei e perguntei-me: Alguém é de verdade?
Então notei as cordas, tão invisíveis, porém, impossíveis de não sentir
Então percebi porque é tudo sempre tão automático, mesmo que eu não queira
As cordas estão lá, um simples deslize e você ganha mais uma
Lançam-se, prendem-se, tão finas, tão fortes
Não esperam, levam-te, já estão te controlando
Mesmo que eu queira, não poderei fazê-lo
Mesmo que não queira, isto farei
Logo, você odeia as cordas, como tira-las dali?
Alguém vem e as tira, quase inútil,
A cada deslize, elas voltam, pouco a pouco, até obterem o domínio
Se ao menos a memória pudesse ser apagada – mas nosso teclado não tem “delete”
Se ao menos fossemos tão perfeitos, a ponto de evitar as cordas
Talvez se possa evita-las, precisa-se de um motivo, um objetivo sincero
No entanto, aqui estamos, massa inocente, cruelmente manipulada
Agimos, mesmo contra a vontade; vivemos, não tão sinceramente, e até sonhamos...
Em nossa rotina cotidiana, em nossa normal falta de esperança,
Em nosso incerto planeta, admirável mundo das marionetes.

Um comentário:

Dani Santos disse...

Poucos sao os que vislumbram as cordas, e desses, poucos os que encorajam-se para libertar-se delas... Tuas palavras expressam todo o incorformismo diante da resignação do rebanho... Tuas palavras poetizam com muita crítica nossa sociedade, as mazelas que poucos tem coragem de enxergar... abraços