domingo, 16 de agosto de 2009

saudades roubadas

É o que sabe, é o que não diz, mas reflete em seus olhos enxarcados de fim de tarde, de algum sonho esquecido soam ecos, inexplicáveis saudades de pés descalços e bolas de gude, de conversas assentadas na poeira do chão, suor de dia quente respirando ar puro. Das invariações dessa casta inocência do riso natural e sem motivo.. sem motivo lembra.. sente.. mas como , se não viveu? acaso não seriam quartos escuros janelas fechadas, paredes mofadas? De que natureza roubaste tais lembranças? Por que sentes se não viveu, tal seria o tempo a ferir até o negro da alma? Ou a felicidade um recurso vital que se procura por instinto? O que não foi e mesmo assim se sabe, que não se vê mas mesmo assim se procura... apenas vontade de ter vivido.







Não.. não... não pare agora.... podemos continuar até que o mundo seja nosso, talvez só esperar um pouco.. até ver essa fraqueza passar... não sei, não sei, meus olhos se fecham... apenas diga mais uma vez, apenas fale-me qualquer coisa... gosto tanto de sua.. pronúncia...

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Apenas um rosto acariciado pelo vento
somente aquele olhar mais uma vez perdido
se pudesse ver algo, escolheria o mar
ou qualquer coisa alem de telhados e anternas

pensou que se talvez pudesse
acontecer algo nesse instante
naquele instante...
naquele instante...
mas nada acontece enquanto espera

se talvez pudesse ver ou imaginar
algo tão grande, tão imenso
a ponto de cobrir o vazio que era
ai então...
então o que?

O futuro era só uma folha em branco
somente telhados e antenas
somente a conhecida tristeza
somente a realidade.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

ebulição

Sem sol.

A pele arrepiada de frio e suspiros

sempre consecutivos


é um medo estranho

dividir o dia em fatos

procurar algum assunto

que não acabe em silencio


a carne espumando na panela

com o frio se vê o vapor todo

um exercito de serpentes

todas de uma mesma fumaça

enganadas de seu próprio engando

avançando ao desconhecido


cada vez mais longe, é o que me assusta

já não mais simples distancia física

um estranho privar-se de sonhos

abster-se da felicidade


a carne espumando na panela

vapor indeciso entre calor e frio

minha carne, meus pedaços

eu ardendo sob o óleo quente

vivendo de fatos, não mais de sonhos

procurando por algo que aconteça

talvez agora...

talvez agora...


sem vento, sem asas

dormir e acordar

sem relógio, sem tempo

talvez amanhã.